Significado de Devaneio: 1. Estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens; 2. Quimeras, fantasias, ficções.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mas leio, leio.
Em filosofias tropeço e caio,
Cavalgo de novo meu verde livro,
em cavalarias me perco medievo;
Em contos, poemas, me vejo viver.
Como te devoro, verde pastagem.
Ou antes carruagem de fugir de mim
E me trazer de volta à casa,
A qualquer hora num fechar de páginas?(Carlos Drummond De Andrade)

Minha alma é uma orquestra oculta;

não sei que instrumentos tangem e rangem,

cordas e harpas, tímbales e tambores,

dentro de mim. Só me conheço como sinfonia.(Fernando Pessoa), em "Livro do Desassossego"

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quem tem medo da Gripe A?


Um novo vírus surgiu para abalar os nervos populacionais. Não se sabe ao certo de onde veio, e pra que veio e pra onde vai(foi), até soa irônico; uns dizem que ele veio do porco e se misturou com o vírus de gripe normal, e acabou por ficando quase imbatível. Outros dizem que é um descendente do vírus da gripe espanhola. O nome da doença causada por esse “vírus” inicialmente era Gripe suína, pois os sintomas eram parecidos com o de uma gripe. Mais tarde, mudaram para Influenza H1N1, não sei se foi estratégia de marketing, ou se foi para aliviar a família suína, que vinha sendo insaciavelmente lembrada por todos; ou se foi só para as pessoas começarem a acreditar de fato na sua existência, com um nome forte ficava mais fácil a massa dominante aderir a essa idéia de vírus. Pois bem, ele até então não tinha se procriado aqui no sul de Santa Catarina, só mais em cima do mapa. E o sensacionalismo dos meios midiáticos enfatizavam muito a vida desse pequeno vírus. Deixou a população aflita sem saber ao certo o que fazer quanto tempo esperar. De tanto a mídia falar dessa gripe, afirmaram ter surgido uma pandemia da mesma.

A maioria da população acredita fielmente nos meios midiáticos, eu já não levo tão á sério, pois sei como eles manipulam a informação, exageram em fatos para que nos esqueçamos de outros fatos mais importantes do que essa possível pandemia. Exemplo: Falcatrua no senado. A massa predominante nem se importa tanto com que ocorre no meio político do país. Eles preferem acreditar no que eles entendam facilmente, e no que pode ser mais grave do que as lambanças do governo em geral. Mais até aí tudo bem. Todos com um pouco de racionalidade sabiam disso.

Voltando aos possíveis efeitos da “gripe”, a população já havia sido totalmente tomada por a falta de informação sobre a pandemia. Cada um falava o que queria, e ninguém sabia ao certo o que era mesmo.

Contudo, esse caso se desenrolou bastante, e não sei como, aqui, no nosso estado, começaram a aparecer os primeiros casos suspeitos, e, por conseguinte as mortes confirmadas. E só para constar, isso estava acontecendo nas férias de julho. Estávamos sem aula. Quando começaram as aulas, era só o que se falava: “Gripe suína”. Não se podia espirrar, tossir, ou algo do gênero sem que algum engraçadinho soltasse uma piadinha.

É incrível como a mídia joga um noticia no meio e a população acredita fielmente naquilo, parece que eles não sabem distinguir a veracidade das coisas, não sabem o que é exagero e o que não é. Eu particularmente, nunca acreditei muito nessa gripe não. Pra mim o povo se preocupou de mais com pouca coisa. Acho ainda que pelo fato da mídia mobilizar tanta gente a cerca dessa gripe, ela ganhou proporções maiores, ou seja, de tanto o povo acreditar nela ela acabou existindo muito mais do que quando ela era desconhecida.

Em Tubarão tinha o maior índice de suspeita da gripe no estado. As aulas tinham acabado de começar, eu em casa estava dando surtos momentâneos de tédio por conta das férias, quando elas começaram, meu humor era outro. Daí o que acontece? Eles suspendem as aulas por tempo indeterminado. Motivo: muitas suspeitas de gripe A em Tubarão. Quando me noticiaram esse fato desastroso, o sangue me subiu a cabeça, fiquei enfurecida. Eu mesma mataria esse maldito vírus se o encontrasse na rua. Acho surpreendente como existem pessoas que gostam de não ter aula, mesmo sabendo que essa suspensão iria afetar o cronograma acadêmico. Até pensei em fazer algum tipo de protesto, mas como não sou maioria me aquietei. Ficamos sem aula duas semanas, com o pretexto dos professores mandarem trabalhos pra fazer em casa. E como sempre, nos últimos dias eles mandam alguma coisa pra se fazer, mais só no final, no inicio que tínhamos tempo ninguém mandou nada.

Mais é muito problemático a influencia das mídias para com o telespectador, porque quando eles noticiaram a existência dessa gripe, era muito pequena a parcela contagiada. Depois que o povo começou a absorver aquilo, parece que se expandiu de tal maneira que ficou quase incontrolável. Concluo que quanto mais pessoas pensarem em uma possível realidade mais é provável que a mesma possa existir.

E isso, creio, foi um modelo mental formado pela mídia. Pois todos de uma hora pra outra começaram a ter medo e a se precaver da pandemia, acreditando fielmente que aquilo poderia atingi-los e matar sua família. A influência midiática me dá medo. Acho que essa gripe só deu em quem acreditou nela, porque é muito relativo. Se as pessoas se preocupassem menos com essa estória toda, com certeza, ia ser muito menor os atingidos, pois quanto mais as pessoas pensam nas coisas, mais elas tendem a existir. Essa estória toda é só mais uma afirmação da eficácia dos modelos mentais.

Relação estabelecida entre desejo e necessidade

Temos necessidade de nos alimentar, possuímos desejos esporádicos de comer coisas diferentes, às vezes estapafúrdias, e todos temos vontade de comer sempre os nossos pratos preferidos... Todos temos necessidade de nos relacionar, às vezes desejamos que um de nossos relacionamentos ganhe em importância, ou que nós ganhemos destaque ou superioridade nessa relação, e a vontade de todos é que suas relações familiares profissionais e de amizade sejam saudáveis e gratificantes. Todos têm necessidade de participar de meios sociais, comunidades, populações e povos. Às vezes temos desejos de predomínio de poder sobre esses grupos. Mas nossa vontade é sempre de ser respeitado e reconhecido em seus valores.

O desejo é aquilo que nos move a necessidade não, ela torna-nos passivos. Não se sacia uma necessidade, até que ela se torne um desejo. Os desejos são muitos, as necessidades são poucas. As necessidades podem ser satisfeitas; os desejos, nunca, sempre vêm outro diferente e ocupa seu lugar.

Enfim, concluí que o atendimento de nossas necessidades é que nos impedem de morrer, de explodir, de pular de uma ponte ou algo do gênero... O atendimento de nossos desejos, é que nos tira da inércia e nos faz buscar o algo mais, que nos faz progredir...

A Ética aliada á Propaganda


A capacidade de diferenciar o bem e o mal, o certo e o errado, estão enraizados no ser humano; é um conhecimento nato. Com isso é capaz de avaliar suas ações, sentir culpa ou orgulho; sendo, assim capaz de “ética”. Esta vem a ser os valores, que se tornam os deveres incorporados a cada cultura e que são expressos em ações. Ética, portanto, é a ciência do dever, a ciência da moral. Essa “ciência moral” é capaz de manter tudo na linha.

Os papéis responsáveis e éticos são os pilares básicos da responsabilidade social da propaganda. É certo que a propaganda publicitária tem uma indiscutível eficiência, comprovada historicamente. No entanto, para vivermos em sociedade, foram criados códigos e permissões para o que acreditamos ser a ordem.

Para que o consumo possa ser ético, num mundo com tantas diferenças, seria necessária também uma discussão ética por parte das empresas de publicidade, as criadoras e amplificadoras das mensagens das empresas. A publicidade não cria necessidades, mas difere um produto do outro, e seria antiético dizer o contrário.

O comportamento do consumidor dificilmente é linear ao longo da vida. Por isso talvez seja tão complicado fazer propaganda. Diferenciar um produto do outro onde a concorrência cresce mais a cada dia.

As propagandas têm ramificações diferentes, ora emocionais, ora lúdicas ou racionais, Mas o que devemos ressaltar é que nunca devem ser antiéticas, não é permitido, segundo o código de Ética dos profissionais da Propaganda: publicar textos ou ilustrações que atendem contra a ordem pública, a moral e os bons costumes; divulgar informações confidenciais relativas a negócios ou planos de Clientes-Anunciantes; reproduzir temas publicitários, marcas, músicas, ilustrações, enredos de rádio, televisão e cinema, salvo consentimento prévio de seus proprietários ou autores; difamar concorrentes e depreciar seus méritos técnicos; atribuir defeitos ou falhas a mercadorias, produtos ou serviços concorrentes; contratar propaganda em condições antieconômicas ou que importem em concorrência desleal; utilizar pressão econômica, com o ânimo de influenciar os Veículos de Divulgação a alterarem tratamento, decisões e condições especiais para a propaganda;

Por conseguinte, é dever dos profissionais: fazer divulgar, somente acontecimentos verídicos e qualidades ou testemunhos comprovados; atestar, apenas, procedências exatas e anunciar ou fazer anunciar preços e condições de pagamento verdadeiro; elaborar a matéria de propaganda sem qualquer alteração, gráfica ou literária, dos pormenores do produto, serviço ou mercadoria; negar comissões ou quaisquer compensações a pessoas relacionadas, direta ou indiretamente, com o Cliente; comprovar as despesas efetuadas; envidar esforços para conseguir em benefício do Cliente, as melhores condições de eficiência e economia para sua propaganda.

A ética compreende a vida humana, e como já foi dito, está relacionada a ela. Quando tratamos a publicidade com moral, veracidade e ética estamos fazendo uma comunicação eficaz. O consumidor se sente satisfeito, ao ver que não está sendo enganado, e simpatiza-se com a marca. Além do mais, a publicidade é a arte do bem informar, do bem fazer.

Fazendo minha parte, convoco você a denunciar todo aquele anúncio que falte com bom senso e respeito e mande ao CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) ou ao Ministério Público de seu estado. Não tolere quando, por exemplo, uma agência qualquer, explícita ou implicitamente, chamar o vegetariano de doente ou um não-apreciador de álcool de idiota. Pensamento publicitário tem limites, e os limites são eles/nós consumidores.

Qual sua necessidade? Você tem fome de quê?


Necessito estar viva para carecer outras coisas,
Necessito ver o amanhecer do dia, e receber um banho energizante toda manhã.
Preciso nunca parar de estudar,
preciso sempre tentar obter o máximo de conhecimento possível.
Preciso ajudar minha mãe.
Preciso dormir cedo, praticar algum esporte, ir visitar meu pai nas férias,
Preciso urgentemente trabalhar, preciso explorar meus dotes culinários
Preciso comer cantar, andar, ir ao banheiro, dormir muito,
fumar um cigarrinho á noite(agora não mais), comer um chocolate todos os dias.
Preciso gritar bem alto para me aliviar por dentro,

Tenho fome de livros, de música, de filmes,
Arte, teatro, literatura, comunicação.
Diversão, humor, medo saudável, de frio,
De dia nublado, de internet, de televisão,
De coca-cola depois de uma bebedeira,
Tenho fome de abraçar, de dar um beijo bem dado,
de sentir prazer com as pequenas coisas e as grandes também.
Tenho fome de Clarice, de Pessoa, de Caio, de Cecília, de Jô
Tenho fome de Burton, de Almodóvar.
Tenho fome De Cássia, de Ana, de Renato, de Rita, de Raul, de Paula, de Ney,
De Janis, de Jimmi, de Bob, de Robert, de Kurt, de Coverdale.
Tenho fome de pizza de arroz, de batata Alemanha, de hambúrguer recheado,
De uma bela macarronada, tenho fome da comida da minha mãe.

Enfim, tenho fome de ter fome,
Tenho fome para ter fome,
Necessito, e logo, tenho fome.
Sempre necessitarei ter fome, e logo,
sempre sentirei fome para ter uma necessidade.

A importância da conquista do jovem para a Publicidade e Propaganda


Como vender para um público que vê com ceticismo a publicidade tradicional, entende muito de mídia, e que só consegue prestar atenção ao que lhe dizem durante curtos intervalos?

O comportamento dos Jovens é, em grande parte, Determinado Pelo grupo Pertence AO qual. A criatividade e Uma excelente ferramenta n Chamar uma Atenção. Também O Inesperado. Empresas como o quiserem fincar pé Que não necessariamente Terao Jovem setor de Falar SUA Língua, detectar SUAS Tendências Recentes Mais e Mais Descobrir OS Meios adequados de se dirigir um elemento. Além disso, o Mercado adolescente é interessante PORQUE Gera Valores Que Muito tempo podem perdurar por. Conquista-lo e Fazer dos adolescentes USUÁRIOS Fiéis de Uma marca PoDE Para muitos reverter em anos positivos de RETORNOS. É UM Mercado incrivelmente lucrativo, Mas Exige Muita fibra.

Contudo, embora o mercado adolescente seja bastante instável, está se tornando também cada vez mais sofisticado e desafiador. Eles se vêem como adultos como indivíduos maduros. Se quisermos entender sua mentalidade, temos de explorar esse desejo de ser tratado como usuário sofisticado. Cada vez mais, as campanhas publicitárias e, por conseguinte os produtos são dirigidos aos mais novos. Como tal, cada tipo de público exige uma forma diferente de abordagem: o público jovem é mais sofisticado e “imune” à publicidade habitual.

Para agradar a este público-alvo tem de se recorrer a iniciativas inéditas e originais, assim como desenvolver produtos que realmente os cativem, dado o grau de exigência. Conhecer o ambiente em que os jovens vivem é também essencial para que a publicidade seja eficaz. Mesmo dentro do próprio público jovem, é possível encontrar vários segmentos – por exemplo, os jovens universitários, os jovens já casados e com responsabilidades familiares, os jovens “baladeiros” de plantão, etc. Na publicidade, tudo é pensado com particularidade e o mercado jovem é, sem dúvida, um dos mais promissores para as empresas.

Análise semiótica


O anúncio é sobre a preservação da mata atlântica. No centro do anúncio tem vários troncos de árvores unidos, (só os troncos) sem o verde, as cores mórbidas dominam; Os troncos formam um ícone, pois se assemelham a uma mão humana, fazendo um gesto obsceno, (o dedo do meio levantado) para quem agride a natureza. De fundo um céu nublado, escurecido, denota tristeza, melancolia, é como se o céu nos olhasse com desprezo, por desmatar tanto assim. Em ambos os lados do anúncio existem árvores sem folhas, secas, entretanto, estas nos cantos parecem ter sofrido por causa do tempo, diferente da possível mão feita com os troncos, esta, por sua vez, mostra deliberadamente que foi cortada por motor-serra. A redação completa muito bem a imagem. “É a natureza respondendo a que agride o meio ambiente.”
Enfim, é um anúncio sem vida, pedindo ajuda e conscientização. Devemos preservar para durar mais.

Confundindo as atendentes ll

... Quase Uma Hora Depois, o Telefone Toca Novamente ...

- Alô?
- Por Gentileza, a dona Beatriz se Encontra
- Não!
- Ela Seria uma Única Pessoa Responsável Pela Linha Telefônica?
- Ahh! De novo? Não É A MESMA Pessoa de antes, né?
- Silêncio ()
- Ha ha ha! Porquê me ligaram Não Faz Uma Hora nem,
Falando um MESMA Coisa Que VOCÊ, seguindo o roteiro Mesmo.
A abordagem padronizada Ser desen ...
Enfim, eu continuo Não conseguindo Decidir ...
- Desculpa então, senhora.
BoA - Ah, de ... Foi engracado ... Até
-Tenha Uma boa tarde ...
-Tchau!

Confundindo as atendentes l

- Alô?
- Por gentileza, a dona Beatriz se encontra?
- Não!
- Ela seria a única pessoa responsável pela linha telefônica?
- Ah! Qual seria o assunto?
- Eu tenho um plano de redução de custos.
- Ai, eu não consigo decidir nada agora. Liga outra hora, quem sabe tu me convença...
(Risos ambas)
- Tá bom então, obrigada.
- Beijos, tchau.

Completar de perto.


Sempre que queremos estar perto de alguém, fazemos de tudo:
Perdemos brincos, pegamos carona, esquecemos beijos alheios,
mudamos o rumo, ficamos em casa,
não dividimos a tristeza, descascamos abacaxis,
de quase de tudo, fizemos um pouco...
-... chega num fim?
-Sempre!
-Mas não agora, nem aqui, nem nada; nem tudo.
-O tudo do algo me engana e convence,
por isso tenho que ter o algo do tudo,
para me completar...

... a completude é suficiente em diversos pontos
distintos e nunca pensados antes...
Sempre desviantes...
Focando o desviar desejado.

terça-feira, 27 de abril de 2010


Olhe o mundo com a coragem do cego,

entenda as palavras com a atenção do surdo,

fale com a mão e com os olhos, como fazem os mudos!(Cazuza)
Quando você pinta tinta nessa tela cinza
quando você passa doce nessa fruta passa
quando você entra mãe-benta amor aos pedaços
quando você chega nega fulô boneca de piche
flor de azeviche
.
você me faz parecer menos só
menos sozinho
você me faz parecer menos pó
menos pozinho
.
quando você fala bala no meu velho oeste
quando você dança lança flecha estilingue
quando você olha molha meu olho que não crê
quando você pousa mariposa morna lisa
o sangue encharca a camisa
.
quando você diz o que ninguém diz
quando você quer o que ninguém quis
quando você ousa lousa pra que eu possa ser giz
quando você arde alardeia sua teia cheia de ardis
quando você faz a minha carne triste quase feliz
.
você me faz parecer menos só
menos sozinho
você me faz parecer menos pó
menos pozinho(Zeca Baleiro)

sexta-feira, 23 de abril de 2010


Não sei como me defender dessa ternura que cresce

escondida e, de repente, salta para fora de mim, querendo

atingir todo mundo!(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não
dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Não pode haver ausência de boca nas palavras:
nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas se não desejo contar nada, faço poesia.
Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
A inércia é o meu ato principal.
Há histórias tão verdadeiras que às
vezes parece que são inventadas.
O artista é um erro da natureza.
Beethoven foi um erro perfeito.
A terapia literária consiste em
desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse
nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Por pudor sou impuro.
Não preciso do fim para chegar.
De tudo haveria de ficar para nós
um sentimento longínquo de coisa
esquecida na terra.
Como um lápis numa península.
Do lugar onde estou já fui embora.(Manoel de Barros)

A incapacidade de ser verdadeiro

Paulo tinha fama de mentiroso.
Um dia chegou em casa dizendo
que vira no campo dois dragões-da-independência
cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na
semana seguinte ele veio contando
que caíra no pátio da escola um pedaço de lua,
todo cheio de buraquinhos, feito queijo,
e ele provou e tinha gosto de queijo.
Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa
como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que
todas as borboletas da terra passaram
pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um
tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu,
a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas
abanou a cabeça:
- Não há nada a fazer. Este menino é
mesmo um caso de poesia.(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Anjos!
Anjos da manhã
Acordam-me
Com harpas
Para me falarem
De ti agora...
Eles têm asas
Podem te visitar
E te ver a alma
E te escutar o coração
Trazendo-me teu perfume
Contando-me tuas dores
E também teus desejos.(Santaroza)
...e as horas lá se vão...
loucas ou tristes
mas é tão bom,
em meio às horas todas,
pensar em ti
e saber que tu existe.(Mário Quintana)

domingo, 18 de abril de 2010


"Me perco, me procuro e me acho.
E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar (!)"

Clarice Lispector

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Imagem escolhida Por Verde menino
Tem gente TEM Que cheiro de passarinho canta QUANDO.
De Acorda QUANDO sol.
De flor QUANDO ri.
Ao lado delas, A gente não se sente do Balanço de Uma Rede
Que dança gostoso NUMA tarde grande,
Relógio sem agenda e sem.
Ao lado delas, a gente se sente do comendo pipoca NA PRAÇA.
Lambuzando o Queixo de sorvete.
Melando OS algodão doce com Dedos
Mais doce da cor Adiar pra Que TEM.
O outro e Tempo.
E a Vida FICA COM um cara ELA TEM Que de verdade,
Mas Que uma gente desaprende de ver.

(Ana Cláudia Saldanha)

Imagem escolhida por Verde Menino
Ao que me inspira
lanço-me inteira...
Existe cânions entre nós,
mas minhas mãos te alcançam
porque meus olhos
te querem por perto,
e o meu coração
quer te abrigar.

(Catarina Poeta)

(...)
Depois fugiu para o sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E porque toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.(Alberto Caeiro)

quinta-feira, 15 de abril de 2010


Borboletas são livres. Minha alma também.
Anseio liberdade, beleza e amor.
De ir, vir e sentir. Paixão, ar, calor. Preciso criar...
Voar. Sentir o vento nos cabelos. Mas os pés no chão.
Quero abraço. Mas quero espaço. Mulher borboleta.
Pequenina e voraz. Tem um vôo que seduz.
Uma beleza que satisfaz. Possuidora de uma leveza que conduz.
Sua fragilidade lhe faz, uma mulher que reluz!
Precisa de arte. Precisa que invada. Que o coração dispare.
Que a saudade mate. Não a prenda. Traga flores para que venha.
Ela não é para qualquer um. Ela é da natureza.
Ela é dela. Tranque-a e ela morre. Sopre-a no vento...que ela vai.
Mas espere. Pois ela volta.
(Carolina Salcides)

O Plantador de Girassóis

Lá vai ele semeando azuis.
Passa por terras ácidas,
por marés graves,
que converte em focos de luz.
Deve ter uma orquestra no bolso
e sementes de sol no coração.
A fila cresce:
o que admira,
a que suspira,
a que padece.
O semeador avança,
a orquestra toca,
o mundo, sem querer, entra na dança.
A festa aumenta.
Se a noite ciumenta se apresenta
e em protesto espalha seu negrume,
o semeador derrete a escuridão:
seduz a estrela e acende um vagalume.

(Flora Figueredo)

quarta-feira, 14 de abril de 2010


"Às vezes sinto falta de mim.
-Eu também, menina.
-Sente falta de si?
-Não, de você. E dói.

[Silêncio]

-Me abraça?
-Sempre."

terça-feira, 13 de abril de 2010

Aquarela azul


Pousada Sobre a flor,
Frágil em demasia e bela!
Tão diáfana Que Não se sabiá,
Que era o borboleta, flor ...
OU SE poesia era tão!
Tremem como pétalas Lilases
ao Vento breve.
Fremem como asas anis
à leve brisa.
E HÁ UM Céu sem nuvens
Olhar poeta não fazer,
Entre o azul das asas
o da pétala e azul. (Lenise Marques)
Sou essa deusa
Invisível
Que enfeitiça
Teus pensamentos
Sou essa mulher
Sedutora
Que te devora
A razão
Sou essa menina
Dengosa
Que faz soar
Suas mãos
Sou essa mulher
Que domina
Seu instinto
E faz de você
Um menino.(Sirlei L. Passolongo)
Porque tenho sido tudo, e creio que
minha verdadeira vocação é procurar
o que valha a pena ser.(Monteiro Lobato)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tem 4 teorias de árvore que eu conheço.
Primeira: que arbusto de monturo agüenta mais formiga.
Segunda: que uma planta de borra produz frutos ardentes.
Terceira: nas plantas que vingam por rachaduras
lavra um poder mais lúbrico de antros.
Quarta: que há nas árvores avulsas uma assimilação
maior de horizontes.(Manoel de Barros)
O meu amor não tem importância nenhuma.
Não tem o peso nem de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.(Cecília Meireles)

A Fada Branca

Falar da Fada Branca é prazeiroso
Requer um pensamento todo especial
Ela mexe com incensos velas e ervas
Só encanta fazendo magia com ritual
Gosta de passear no silencio da noite
Reverencia a Lua quando está cheia
Provoca dengosa os risos das estrelas
Só dorme quando o dia clareia
No reino gosta de todos purificar
Junto aos rios com água pura corrente
Depois leva para o jardim das azaléias
Para enfeitar e deixar todos sorridentes
Não há um lugar preferido para ela
Pois acredita que todo lugar é sagrado
Por onde passa deixa um cheiro de jasmim
Deixando o reino muito mais perfumado.(Soninha BB)

Isento

Mira-te pelo calendário da flores
Que são só viço e esquecimento.
Desprende-te dos ofícios do dia,
Apaga os números, os anos e anos,
Releva a data de teu nascimento.
E assim, por tão leve sendo,
Por tão de ti isento,
De uma quase resistência de pluma,
Abraça o momento,
Te apruma,
Tome por bagagem os sonhos
E apanha carona no vento.

(Fernando Campanella)
Tenho um relógio parado
Por onde sempre me guio.
O relógio é emprestado
E tem as horas a fio.(Fernando Pessoa)
Assim é a vida...sete vezes se cai e
oito vezes nos pomos de pé...(Roland Barthes)
Beijo pouco, falo Menos ainda. Mas invento palavras
Que traduzem uma ternura Mais Funda
E cotidiana MAIS.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
IntransitivoTeadoro, Teodora. (Manuel Bandeira)

Desistir não é nobre. E arduamente, não desistimos.(Caio Fernando Abreu)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.(Cecília Meireles)
Ri melhor quem ri apesar de tudo.(Martha Medeiros)

domingo, 11 de abril de 2010


"De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência."

Millôr Fernandes

"Não devemos resisitir ás tentações: elas podem não voltar."

Millôr Fernandes

Personagem


Teu nome é quase indiferente
e nem teu rosto já me inquieta.
A arte de amar é exactamente
a de se ser poeta.

Para pensar em ti, me basta
o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia, serena e casta,
nutrida do enigma do instinto.

O lugar da tua presença
é um deserto, entre variedades:
mas nesse deserto é que pensa
o olhar de todas as saudades.

Meus sonhos viajam rumos tristes
e, no seu profundo universo,
tu, sem forma e sem nome, existes,
silêncio, obscuro, disperso.

Teu corpo, e teu rosto, e teu nome,
teu coração, tua existência,
tudo - o espaço evita e consome:
e eu só conheço a tua ausência.

Eu só conheço o que não vejo.
E, nesse abismo do meu sonho,
alheia a todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.

Cecília Meireles, in 'Viagem'

sábado, 10 de abril de 2010

Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objectos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”.
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.(Pablo Neruda)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Soneto de agosto


Tu me levaste, eu fui ... Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpeendidos
Estávamos unidos Pelo ardor Que com
Que NÓS andávamos Separados Semper.
Espantei-me, Confesso-te, dos brados
Com que enchi TEUs patéticos Ouvidos
CALOR E achei rude o dos gemidos TEUs
Que Eu semper OS julgara desolados.
Só assim arrancara uma Linha inútil
Da Tua Eterna túnica insonsútil ...
E parágrafo Glória do Ser Mais fraco TEU
Quisera te vissem Que, Como eu via
Depois, à luz da Lâmpada macia
O púbis negro Sobre o Corpo branco.

Vinícios de Moraes

Que teimosia
Nada nos une, tudo nos separa
Só quando a vida para
E o tempo se distrai
Do momento que vai
Do grito ouvido ao vidro estilhaçado
É que eu paro ao teu lado e nós
Trocamosvidas perdidas por horas roubadas.

Paulo Vanzolini

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A alegria é sempre a prova dos nove!(Oswald de Andrade)
Mas fica.
Mas fica, meu amor.
Quem sabe um dia
Por descuido ou poesia
Você goste de ficar.(Chico Buarque)
Além de tudo: eu não o via. Os dragões são invisíveis, você sabe. Sabe?
Eu não sabia. Isso é tão lento, tão delicado de contar - você ainda tem
paciência? Certo, muito lógico você querer saber como, afinal, eu tinha
tanta certeza da existência dele, se afirmo que não o via. Caso você
dissesse isso, ele riria. Se, como os homens e as hienas, os dragões
tivessem o dom ambíguo do riso. Você o acharia talvez irônico, mas
ele estaria impassível quanto perguntasse assim: mas então você só
acredita naquilo que vê? Se você dissesse sim, ele falaria em
unicórnios, salamandras, harpias, hamadríades, sereias e ogros.
Talvez em fadas também, orixás quem sabe? Ou átomos, buracos negros,
anãs brancas, quasars e protozoários. E diria, com aquele ar levemente
pedante: "Quem só acredita no visível tem um mundo muito pequeno.
Os dragões não cabem nesses pequenos mundos de paredes
invioláveis para o que não é visível".(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Completamente Blue


Tudo azul
Completamente blue
Vou sorrindo, vou vivendo
Logo mais, vou no cinema
No escuro, eu choro
E adoro a cena

Sou feliz em Ipanema
Encho a cara no Leblon
Tento ver na tua cara linda
O lado bom

Como é triste a tua beleza
Que é beleza em mim também
Vem do teu sol que é noturno
Não machuca e nem faz bem

Você chega e sai e some
E eu te amo assim tão só
Tão somente o teu segredo
E mais uns cem, mais uns cem

Tudo azul, tudo azul
Completamente blue
Tudo azul

Como é estranha a natureza
Morta dos que não têm dor
Como é estéril a certeza
De quem vive sem amor, sem amor

Mas tudo azul, tudo azul, tudo azul
Completamente blue
Tudo azul.(Cazuza/George Israel/Nilo Roméro/Rogério Meanda)

Medieval



Você me pede
Pra ser mais moderno
Que culpa que eu tenho
É só você que eu quero

Às vezes eu amo
E construo castelos
Às vezes eu amo tanto
Que tiro férias
E embarco num tour pro inferno

Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média

Olha pra mim, me dê a mão
Depois um beijo
Em homenagem a toda
Distância e desejo
Mora em mim
Que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar
As mãos vazias nem pedras

Eu acredito nas besteiras
Que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado
Português, sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos
Mas a minha vida sempre brinca comigo
De porre em porre, vai me desmentindo

Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média(Cazuza / Rogério Meanda)



terça-feira, 6 de abril de 2010

Perenidade

Nada no mundo se repete.
Nenhuma hora é igual à que passou.
Cada fruto que vem cria e promete
Uma doçura que ninguém provou...

(Miguel Torga)
Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo
como ter sede sem ser de água.(Álvaro de Campos)